segunda-feira, 21 de junho de 2010

more than words

pode parecer que está longe, mas na verdade falta pouco. uma decisão muito complexa é a escolha da nossa faculdade. que curso prestar? aonde ir estudar? são dúvidas que já passam pela minha cabecinha inha. a situação está cada vez mais complexa. cada um de nós parece cada vez mais acomodados com o fato de morarmos aqui. parece tão fácil, não é mesmo? e talvez seja mesmo. a coisa que mais confunde a minha cabeça é o fato de que meus pais não são separados por nenhum papel, mas tudo anda como se fossem. é estranho conhecer pessoas e falar "não, nós moramos um em cada canto mas eles são casados. é, não sei se eles se gostam." - e o que me deixa triste é que já me acostumei com isso.
odeio sentir que nunca mais dividiremos a mesma casa. há uns anos atrás eu conversei comigo mesma e cogitei muito a possibilidade de fazer faculdade em outro Estado. acho que essa ideia continua de pé. será que só quando eu for embora todo mundo vai perceber que dava pra ter tomado um monte de atitudes enquanto ainda dava tempo? ou será que nem assim? fico pensando como será se eu não for embora. fico esperando que algum desconhecido apareça querendo me levar pra qualquer lugar onde tudo pareça mais unido do que aqui. fico com medo porque eu acho que não pensaria muito antes de aceitar...é claro que pensaria.

dos meus amigos eu não sinto a falta de nenhum. sinto saudade. saudade é uma lembrança grata de algo que nos vemos privados. falta é a ausência de uma coisa precisa, útil ou agradável. é carência. fico triste quando vejo eles passando pela rua e não sinto a menor vontade de conversar com eles. fico pensando se fui eu que causei isso. me sinto mal por não querer que eles estejam perto de mim. cada vez que vejo as pessoas que foram importantes pra mim eu penso mais forte na ideia de ir embora. em silêncio, simplesmente longe quando alguém se der conta de que faz tempo que não apareço. não acho isso legal, mas minha cabeça pensa isso, ué.
a cada aula de EDI que tenho eu me vejo mais dentro dessa profissão. a cada aula de EDI que tenho eu penso mais em como vai ser difícil essa estrada que é a minha vida. a única coisa que me conforta é a minha religião. as minhas crenças. encontrei amigos para a vida toda no meio dessa confusão toda. tem gente que acha estranho, tipo o meu pai. pra mim é tão normal, tão gostoso. saber que basta pensar pra estar acompanhada de quem eu quiser. basta eu bater o pé no chão para saber que não estou mais sozinha. basta um sorriso na frente do espelho pra saber que estou viva. às vezes me pergunto se estou aqui. bato na porta da minha vida pra saber se tem alguém para abrí-la aqui dentro. sempre tem.
outro dia resolvi ir embora. eu sabia que ia voltar, mas quis is embora por alguns minutos. peguei o meu companheiro de fuga, o meu patinete querido, e fui sem olhar para trás. corri como quem corre do mal. corri como quem sabe que se parar pra pensar, não vai correr. fiquei com medo da rua. os poucos minutos que passei deitada nos bancos já me fizeram querer voltar pra isso que eu chamo de casa. quando só sobrei eu, eu voltei. olhei para a porta. olhei para a rua. olhei para o céu noturno. olhei para mim. tudo o que eu queria era terminar o meu trabalho e comer chocolate. foi o que eu fiz.

as pessoas me perguntam o que eu ando fazendo da minha vida. o que fiz no final de semana. o que fiz terça à noite. o que vou fazer no mês que vem. a resposta para tudo é uma só. "eu estudo". todo mundo pensa que sumi porque estudo muito. não é isso, Brasil. eu estudo muito porque sumi, isso sim. já que todo mundo se arranjou em alguma coisa, nem que seja um no outro, eu me arranjei também. acabou que me apaixonei. não tenho mais vontade de sair nos finais de semana. eu gosto de passar o meu tempo terminando trabalhos e estudando. outro dia minha mãe me perguntou aonde eu estava, e eu disse que estava em casa. demorei pra me tocar de que eu estava na GV. as coisas mais significativas do meu ano aconteceram lá. lá que eu dormi os melhores sonos, lá que eu almocei os melhores almoços, lá que eu fiz um melhor amigo, lá que eu namorei, lá que eu protestei...é, eu acabei me mudando sem querer!
então, não pensem que eu sumi porque estou estudando muito. ninguém some porque estuda muito, me desculpe. não troco meus amigos, minhas coisas por nenhum estudo que eu possa fazer outra hora. acontece que meus amigos e minhas coisas não pensaram assim, e agora não encontro nem os meus amigos e nem as minhas coisas. a única coisa que encontro todos os dias é o meu caderno.

me desculpa se um dia eu for embora e não te avisar, tá, amiga? na verdade tudo o que escrevo desde o começo do ano é para você. não para você, mas pensando em você. é de você mesmo que eu quero me despedir...quero te dizer tchau mas não sei como, e ao mesmo tempo não tenho coragem. não quero que você pense que a culpa sua, porque na verdade eu não estou nem aí. só queria te falar que eu vou embora. entenda que não vou no sentido físico. mesmo porque já fui há muito tempo...é difícil pra mim mesma entender que eu fui embora. meus textos são tão confusos porque eu não penso em nada, simplesmente escrevo. por isso sempre afirmo que tudo aqui é mentira.

a Melissa me pegou pela mão e me levou. conheci então a minha melhor amiga. quando ela fez um gesto com as mãos eu me senti totalmente amada. nossa relação é mais do que amor. nós somos a mesma. somos mais do que carne e unha, pela primeira vez na minha vida eu me sinto realmente amiga de alguém. ela me deu um beijo no rosto, e eu nem vi.



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